“Não mataram só ela, mas toda a família”. Esse é o desabafo da enfermeira Andreia Macedo, irmã da professora Adriana Macedo Borges dos Santos que morreu com um tiro na cabeça em uma faculdade no município de Corrente ( a 874 km de Teresina). O crime ocorreu em setembro de 2009, mas o julgamento irá acontecer nesta quarta-feira (23), quase 10 anos após o crime.
“Na verdade, não mataram só a Adriana, mas toda a família. Meu pai teve um infarto fulminante. Chorava todos os dias olhando pra um banner que mandou fazer com a foto da minha irmã. Minha mãe também não é a mesma pessoa e passou a depender da gente pra tudo, pois não tem mais condições de ficar sozinha. A Adriana só tinha 24 anos e teve todos os sonhos interrompidos, inclusive o de ser mãe”, desabafa a irmã.
(Foto: arquivo pessoal)
O crime teve grande repercussão na época. O acusado de ter efetuado o disparo é Arnaldo Alves Messias, que lecionava na mesma faculdade da vítima com quem manteve um relacionamento de quatro anos. O crime teria sido motivado por ciúmes e pelo término do namoro.
Em entrevista recente ao Cidadeverde.com, o advogado de Arnaldo defendeu que o tiro foi acidental e que não houve intenção de matar a mulher. Ele descartou ainda a participação do irmão de Arnaldo que também é acusado de participação no crime.
Contudo, a família de Adriana acredita que o crime foi premeditado. Além de professor, Arnaldo Messias é advogado e primo do prefeito de Cristalândia.
“Eles já não estavam namorando há cerca de quatro meses. Minha irmã foi à faculdade acreditando que ia assinar uns documentos e se deparou com ele [Arnaldo] e o irmão dele que a segurou pelo braço. Ele [Arnaldo] atirou na Adriana e depois deu um tiro de raspão nele mesmo para tentar fugir. O tiro não foi acidental”, acredita a irmã.
Ao Cidadeverde.com, ela destaca o sofrimento da família e a esperança de que “o crime não ficará impune”.
“Isso deles estarem em liberdade, dói mais ainda. Não é fácil! desde quando foi marcado o julgamento, nosso sofrimento só aumentou, mas é uma dor que temos que passar. Já estamos nos preparando psicologicamente para isso. Primeiramente, temos fé em Deus e acreditamos que será feita Justiça aqui na terra. A Adriana não volta, mas se eles forem condenados e presos, vamos conseguir dormir”, desabafa Andreia Macedo.
Ela não confirma que a irmã sofria agressões físicas e psicológicas, mas que Adriana teria revelado a outros familiares “que vivia assustada e amedrontada”.
(Foto: Roberta Aline/ Cidadeverde.com)
“A gente conhecia ele como uma pessoa de poucas palavras. Ele mandava mensagens ameaçadoras, mas ela nunca falava para a família. Contudo, amigas contaram que ela queria terminar, mas tinha medo, por isso, sequer registrou o caso na delegacia e dizia que preferia morrer a ficar com o Arnaldo. Existem dois lados; mas só uma verdade”, desabafa a irmã.
O júri popular está marcado para a quarta-feira (23) no Fórum da Comarca de Corrente, às 9h.