Existe mesmo algum problema em apenas puxar um pendrive do computador? É realmente necessário fazer os procedimentos de segurança para removê-lo?
Historicamente, sistemas operacionais tratam discos como objetos que não poderiam mudar de estado repentinamente. Quando o sistema lê ou grava arquivos, ele espera que estes documentos permaneçam acessíveis e não desapareçam repentinamente no meio da leitura ou gravação.
Se um arquivo está aberto, o programa que o lê espera poder retornar a ele para continuar a leitura. De modo semelhante, comandos de gravação podem ser despachados para uma sub-rotina e esquecidos pelo programa principal. Se um disco desaparece durante o período em que uma sub-rotina é chamada e enquanto um arquivo é gravado no disco, o arquivo em questão é perdido para sempre.
Antigamente, existiam processos formais para “montar” e “desmontar” mídias de armazenamento, e o ato físico de montar uma fita ou disco acionava interruptores mecânicos para detectar a presença e a ausência desta mídia. Algumas delas até possuíam bloqueios mecânicos para impedir que fossem ejetadas ou removidas antes que software que a estivesse utilizando terminasse o processo.
O disquete do Macintosh e o disco óptico providenciam exemplos mais modernos de bloqueio físico e bloqueio de software. Um usuário poderia ejetar a mídia apenas por comandos de software, mas esse comando poderia falhar caso algum programa deixasse um arquivo aberto na mídia — e aí entramos no armazenamento por USB.
Não existe bloqueio mecânico em uma conexão USB para determinar a montagem física e a de software. O usuário pode arrancar o dispositivo do sistema operacional a qualquer momento, e xingar o quanto quiser sobre a repentina perda de mídia. “Ei! Eu estava usando isso!”
E os sintomas podem incluir: perda de dados, arquivos corrompidos, programas travando ou computadores solicitando uma reinicialização. Remover o dispositivo com segurança significa a “desmontagem” do software necessária para prevenir que coisas ruins aconteçam caso o programa não tenha mais acesso à mídia.
Remover com segurança faz o seguinte:
- Grava todos os arquivos pendentes no drive USB
- Alerta todos os programas que o drive será removido e que uma ação apropriada deve ser tomada
- Alerta o usuário quando um programa não consegue responder à remoção, com arquivos ainda presos e/ou em uso
Você pode remover um pendrive a qualquer momento, mas você fica à mercê de como os programas irão lidar com o repentino desaparecimento dele.
Em computadores modernos, muitos passos foram dados para evitar problemas durante uma remoção repentina e sem segurança. Por exemplo, o Windows tem um recurso chamado “Otimizar para remoção rápida”, que garante que os dados sejam gravados rapidamente, em vez de agrupados no cache e gravados de forma eficiente.
É muito difícil fazer as pessoas mudarem de hábitos. Caso você esteja apenas lendo arquivos em uma mídia, a remoção com segurança talvez não seja necessária. Agora, se você estiver gravando ou modificando um arquivo, é preciso tomar mais cuidado – você só poderia pular a remoção com segurança caso não tenha modificado nada há algum tempo, ou não esteja fazendo algo como indexar o disco.
Como um amigo meu uma vez disse: a vida é muito curta para remover drives com segurança.
Entretanto, a remoção segura faz diversas ações importantes e é, de fato, a única forma segura de remover um disco. Você provavelmente não vai precisar dela na maioria das vezes, mas é um bom hábito para se manter, uma vez que perder arquivos é sempre um saco.
Fonte: gizmodo.uol.com.br/