Moradores da localidade Angico Torto, zona rural de Picos, estão revoltados com uma série de mortes de cães e gatos que vem acontecendo naquela região. A suspeita, segundo a dona de casa Maria do Socorro de Jesus, é que os animais estão sendo mortos por envenenamento com um produto conhecido popularmente como “chumbinho”. De acordo com ela, o caso mais recente aconteceu neste final de semana.
Na manhã do último domingo (25), três cães de sua propriedade e mais cinco de residências vizinhas amanheceram mortos. No local, os tutores encontraram pedaços de carne contendo a possível substância e um dos animais ainda vivo, com sinais de intoxicação.

A dona de casa acredita que o crime foi cometido por pessoas da própria comunidade. Ela relata que apesar do alvo serem os cachorros, outros animais e aves que tiveram contato com produto também morreram. “A intenção do criminoso era matar os cachorros, mas acabaram matando gatos e até as galinhas que chegaram a comer a carne”, disse ela.
Segundo Maria do Socorro, o principal temor dos moradores que tiveram seus pets assassinados é de que a carne usada para envenenar os bichos chegue até os animais presos – que em alguns casos são abatidos para o consumo humano.
CRIME AMBIENTAL
O envenenamento de animais está previsto na Lei de Crimes Ambientais. O artigo 32 considera crime ambiental a prática de ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. A pena prevista é detenção de três meses a um ano e multa.
Ao Grande Picos, Maria do Socorro informou que irá pedir uma investigação para tentar identificar o autor do crime.
Segundo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o chumbinho é um produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida. Não possui registro na agencia reguladora e nem em outro órgão de governo, trata-se, portanto de um produto ilegal que não deve ser utilizado sob nenhuma circunstância.
COMO AGIR EM CASOS DE ENVENAMENTO
Em animais domésticos e no ser humano, o veneno age no sistema nervoso central, sistema respiratório e no coração. Em no máximo 30 minutos é absorvido pelo organismo e provoca convulsões, coma e morte.
De forma geral, os sintomas mais comuns nas intoxicações por venenos em cães e gatos são:
- Quadros convulsivos;
- Apatia: o animal não responde a estímulos e há mudança brusca do comportamento normal;
- Salivação excessiva, misturada ou não com vômitos;
- Podem ocorrer fortes tremores musculares ou fraqueza, o animal pode não conseguir ficar de pé;
- Pode apresentar sangue na urina e ou diarreia.
- Saber o que fazer pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte de um animal.
- Envenenamentos são emergências e, nesses casos, o ideal é procurar imediatamente um médico veterinário, se possível leve junto o rótulo da substância ingerida.
Apesar de existir várias fontes, na internet, que apresentam receitas caseiras e antídotos para o envenenamento, é importante citar que na maior parte dos casos, não existe antídoto específico, e o tratamento é feito com base nos sinais clínicos que o animal está apresentando.
É muito comum acreditar que fazer o bichinho vomitar o que ingeriu o fará melhorar. Isso não é verdade e pode ser muito perigoso – o vômito só ajuda em determinadas situações, em outras, piora o quadro, por exemplo, em envenenamentos por substâncias cáusticas que são extremamente irritantes às vias aéreas, boca e esôfago e causam queimaduras químicas, se esse tipo de substância for ingerida e depois vomitada causará queimaduras químicas em todo esôfago e boca do animal – Portanto induzir o vômito por meio de substâncias como água oxigenada ou água morna com sal pode piorar o quadro de intoxicação quando não se sabe a causa do envenenamento.
O uso do leite também é vetado, pois além de não ser recomendado para cães e gatos, apresenta um pH neutro, bem mais alto que o do estômago, o que faz com que o leite atue como neutralizante apenas se o veneno tiver caráter ácido, caso contrário, se o veneno for de caráter básico, o leite pode potencializar a ação da substância tóxica fazendo com que ela seja absorvida mais rapidamente ainda.
Para retardar a ação da substância tóxica e ganhar tempo para levar o animal ao veterinário é recomendado o uso do carvão ativado em cápsulas – facilmente encontrado em farmácias – ele age como uma substância adsorvente, ao ser ingerido ele liga-se ao veneno no estômago e impede a sua absorção e ação. Deve-se dar o carvão logo até 30 minutos após o envenenamento, pois com o tempo a substância vai sendo absorvida para a corrente sanguínea e aí o carvão já não faz mais o efeito desejado.
Outra forma de retardar o efeito do veneno é o uso de uma colher de mel, que funcionará como protetor gástrico. Deve-se lembrar que tanto o mel quanto a cápsula de carvão devem ser ministrados com o animal totalmente consciente, para que não haja o risco de afogamento ou falsa via.
Caso ocorra um envenenamento doloso com o seu pet ou algum animal próximo, peça um laudo ao médico veterinário, registre um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia, DENUNCIE, pois, além de ser crime de maus-tratos contra os animais, a comercialização clandestina de raticidas é crime com penalidades previstas em lei.
Lembre-se que envenenamentos são casos de emergência e o tempo é crucial nesses momentos, quanto mais cedo o animal for socorrido maiores serão as chances de sobrevivência.
Fonte: grande picos