27.2 C
Jacobina do Piauí
28 de abril de 2024
Cidades em Foco
GeralPiauí

Bocaina: vereadores decidem contra projeto de tombamento da igreja católica do município

A votação do projeto de reforma e preservação da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios foi realizada no último sábado (8), em sessão iniciada às 14h, na Câmara de Vereadores de Bocaina, Plenário José Marques de Sousa. A proposta do projeto era tombar o local como patrimônio histórico e cultural do município.

Com sete votos contra e apenas um a favor, o projeto foi rejeitado. Sendo assim, a igreja agora tem o poder de decisão de derrubar ou apenas reformar o santuário.

O Presidente da Câmara de Bocaina, vereador José Marques Filho, comentou acerca da decisão. Para ele, há uma divergência grande de opiniões, mas acredita que o melhor passo seria preservar o patrimônio.

“Há uma polarização. Pessoas ligadas às artes e cultura são contra o tombamento. O pessoal ligado à igreja e aos conselhos é a favor de derrubar a igreja e construir outra novamente. Eu acho que a cultura do município, a história, perde muito com isso. Um povo sem passado é um povo que não sabe viver o presente e com certeza não terá futuro. Uma igreja, que foi construída há 263 anos, precisava ser preservada. Infelizmente, grande parte do pessoal não pensa assim”, afirmou o vereador.

O vereador Cleudo Nilton Sousa foi um dos vereadores que votou contra o projeto. Ele comentou sobre uma audiência pública ocorrida há 15 dias e clareou as idéias de qual decisão tomar na sessão de sábado. O vereador vê como importante a preservação cultural, mas acredita que existem projetos que estão alheios à vontade dos representantes e este é uma deles.

“Chegamos à conclusão que a grande maioria da população bocainense é a favor da reforma ampla daquela instituição católica. Tivemos acesso à videos, fotos e até mesmo pessoalmente. E, realmente, a estrutura está numa situação precária e requer uma reforma. Temos que acompanhar a população. É importantíssimo a questão cultural, mas em uma cidade pequena e pobre como Bocaina, nós não sabemos como essa preservação poderia ser feita, de onde teria recursos para manter essa igreja com essa estrutura. Estando na mão da Igreja, sabemos que existe verba para tal coisa”, garantiu Cleudo.

Deolinda Marques, de 63 anos, é integrante da Academia de Letras e tem vida ativa na igreja católica. Membro frequente desde os seis anos de idade, tendo feito parte de grupos de jovens na década de 70, foi catequista e membro da diocese de Picos. A professora comentou a relação com a igreja.

“A minha relação com a igreja de Bocaina é uma relação muito sentimental porque desde criança eu frequento. Toda a vida eu participei ativamente, como todos os bocainenses. Tenho uma relação de afetividade e devoção a Nossa Senhora da Conceição”, contou.

Acerca do projeto, Deolinda afirma ter recebido mensagens de vários estados do Brasil e sente pela perda patrimonial de uma instituição importante, de 264 anos, não apenas para a população de Bocaina, mas da região. Não acredita que a religiosidade muda, mas, por ser um patrimônio histórico-cultural, além de religioso, deveria ser defendida por todos.

“Sou uma pessoa que tem conhecimento a respeito da importância de se manter um patrimônio histórico, que faz parte não só da história do povo de Bocaina, mas de toda a região, porque essa igreja é a mais antiga de toda a região Picos. Não sei até que ponto isso tem consequência na religiosidade, a nossa devoção à Nossa Senhora está acima de tudo. Eu sinto muito pela perda patrimonial. A igreja de Bocaina tem que ser defendida independente de religião, ela não é uma igreja da diocese ou do padre, é de Bocaina. Esse prédio não pode ser destruído”, completou.

Notícias relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Se você está de acordo, continue navegando, aqui você está seguro, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia mais