2023 foi marcante no combate à venda de celulares furtados ou roubados no Piauí e comercializados ‘às claras’ na Praça de Bandeira e Shopping da Cidade, um dos comércios mais populares em Teresina, capital do estado. Na tentativa de desarticular o crime de receptação, a Superintendência de Operações Integradas (SOI), da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), deflagrou a operação Interditados, que encerrou o ano na nona fase e com números expressivos, que despertaram interesse do Ministério da Justiça e Segurança Pública e de forças de segurança dos estados do Ceará, Tocantins e São Paulo.
“O processo de recuperação de celulares já é uma realidade na Polícia Civil do Piauí. Contudo, a organização de um fluxo de trabalho dividido em etapas, congregando pessoas especializadas na apreensão, bem como estruturando aplicativos para automatização de tarefas, constituem novidade que foi bem aceita pela população. A criminalidade está vendo que o roubo ou furto de celulares não está sendo mais lucrativo”, disse o delegado Matheus Zanatta, superintendente de Operações Integradas.
Durante o ano, a SOI tirou 1.556 celulares das mãos de criminosos e, praticamente, metade dos aparelhos (700) já foram devolvidos às vítimas.
O montante dos valores recuperados durante a operação Interditados, entre dinheiro e bens, não foi divulgado pela SOI, mas passa dos milhões. Para se ter ideia, um dos empresários, proprietário de uma das maiores lojas no Shopping da Cidade, teve prejuízo de R$ 1 milhão, em uma das fases da ação policial. Matheus Zanatta diz que a Polícia Civil do Piauí quer que o dinheiro proveniente do crime seja usado para indenizar vítimas de roubo ou furto de celular no Piauí.
“Criamos um precedente sobre o sequestro de recursos financeiros e respectiva devolução à vítima. Não posso dizer que é algo pacífico, por enquanto. Mas, a meu ver, o Judiciário Piauiense tem recebido com bons olhos esses pedidos, desde que bem fundamentado no âmbito de nossos inquéritos policiais”, pontua o delegado.
O combate ao crime de receptação tem refletido diretamente na diminuição de roubos e furtos dos eletrônicos. A SSP-PI aponta que houve redução de 37% neste tipo de crime, comparativamente a 2022, em Teresina.
As sucessivas investidas da Polícia Civil do Piauí contra o comércio de celulares com restrição, literalmente, “obrigou” os criminosos a se reinventarem. Com o avançar da operação Interditados, os receptadores passaram a desmontar os aparelhos roubados para vender as peças. Mesmo após o celular desmontado é possível identificar a qual IMEI pertence à peça e, caso haja restrição de furto ou roubo, o suspeito também responde pelo crime de receptação.
Para 2024, o delegado Matheus Zanatta adianta que serão deflagradas novas fases da operação Interditados. No alvo, além de receptadores, pessoas que compraram aparelhos com restrição de roubo e furto e, mesmo após intimadas, ainda não compareceram para prestar depoimento.
DADOS DA OPERAÇÃO INTERDITADOS