Francisco de Assis Pereira, 52 anos, deixou a Central de Flagrantes de Parnaíba na manhã desta quinta-feira (9) para ser ouvido durante audiência de custódia. Na saída da delegacia, ele falou brevemente com a imprensa e disse que amava as vítimas como se fossem seus filhos. Ele disse ainda que Deus vai indicar o culpado pelo envenenamento da família, que já resultou em quatro mortes.
“Eu amava ele [tudim] como se fossem meus filhos. Ela não falava comigo por causa dela mesmo. Estou confiando em Deus e ele vai mostrar o culpado”, disse enquanto entrava na viatura da polícia.
Ele foi preso ontem (08), na casa onde morava com outras dez pessoas. Segundo a Polícia Civil, ele é o único morador da residência que tinha motivos para cometer os crimes.
Francisco é pedreiro e era casado com a mãe de Francisca Maria, 32 anos, que faleceu na última segunda-feira (06) no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde onde estava internada desde o dia 1º de janeiro, quando ela e outras oito pessoas deram entrada na unidade de saúde com sintomas de intoxicação.
Francisco está entre as pessoas atendidas no HEDA, mas a polícia aguarda o resultado de exames realizados durante sua internação, para ter certeza se ele comeu o arroz envenenado.
A investigação da apontou que o arroz consumido pela família foi envenenado com a substância conhecida como terbufós, utilizada na fabricação de fertilizantes e, também, na fabricação de um veneno conhecido como chumbinho, que tem a produção e a venda proibidas no Brasil.
Durante busca realizada na casa da família, a polícia encontrou um baú na cozinha, trancando com um cadeado que era utilizado somente por Francisco. Dentro do baú foram encontrados alimentos e revistas que tratavam sobre o nazismo. Todo o material foi apreendido e será periciado.
Francisco é considerado pela Polícia Civil como suspeito dos crimes. O delegado Abimael Silva, que conduz a investigação desse caso, ainda aguarda laudos que possam sustentar as suspeitas contra ele. A audiência de custódia, que ele será submetido na dada de hoje, é um protocolo utilizado pela Justiça para verificar a legalidade da prisão de um cidadão. Todas as pessoas presas no Brasil passam por audiência de custódia. Nela o juiz vai verificar se a prisão é válida e se o preso sofreu violação de direitos no momento da prisão.
Após a audiência de custódia Francisco dever se transferido para a Penitenciária Mista de Parnaíba, onde ficará pelos próximos 30 dias. Segundo o delegado, esse prazo pode ser prorrogado caso a polícia e a Justiça entendam que o preso provisório pode interferir na investigação ou oferecer riscos à família das vítimas.
No total, quatro pessoas morreram após consumir arroz envenenado no dia 1º de janeiro. O arroz foi preparado pela própria família na noite do dia 31 de dezembro e requentado para o almoço. Segundo os depoimentos colhidos pela polícia, a ordem de requentar o arroz teria partido de Francisco de Assis. Manoel, 18 anos, foi o primeiro a sentir sintomas. Ele morreu em casa, mesmo após ter sido socorrido por equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
A segunda vítima do envenenamento foi o bebê Igno, 1 ano e 8 meses. Ele morreu no HEDA no dia 02 de janeiro. Na sexta-feira (03), duas irmãs de Igno, de 3 e 4 anos, foram transferidas para Teresina. A menina Maria Lauane, de 3 anos, morreu no dia 06 de janeiro. Francisca Maria também não resistiu ao envenenamento e morreu no dia 07 de janeiro. Mãe e filha foram veladas juntas em Parnaíba. Ela também era mãe de Ulisses e João Miguel, que morreram no ano passado vítima de envenenamento após comer cajus envenenados.
A menina, de 4 anos, envenenada junto com sua família na cidade de Parnaíba segue internada no Hospital de urgência de Teresina (HUT). O estado de saúde da criança é considerado grave. Ela está internada na UTI pediátrica da unidade de saúde.
Fonte: CidadeVerde