Isto da internet, do acesso rápido às informações, às vezes nos coloca, como dizia minha mãe, “numa sinuca de bico” ( até hoje não entendo a metáfora). Nos anos anteriores, quando os estudantes faziam seus trabalhos acadêmicos, havia uma grande dificuldade para o professor encontrar o “maldito” plágio. Salvo se, por des-fortuna, o mestre conhecesse o caminho da fonte onde o discípulo bebeu.
Entretanto, o século XXI deixou as coisas mais fáceis (?) o “amado mestre” ao se deparar com um texto mais racional – o rolo compressor da indústria cultural tem sepultado muitos cérebros – ele tem uma ferramenta à mão para comprovar se há ou não apropriação indébita (nome pomposo, parece dicionário de político). O tal de Google é o dedo duro mais eficiente que já pode existir.
Sabe que esse negócio de dedo duro na escola é complicado, tem uns que, para fazer média com os professores se faz o olho mágico , e tudo que acontece, (recorrida ao dicionário de dona Isabel Sancha, minha mãe) “amarra na tanga” e vai contar ao professor. Mesmo que depois leve uns bons tapas dos colegas caguêtados. O Google não tem como bater, é o inimigo invisível, igual aquele que nos atormenta quando queremos fazer reclamação de algum serviço via fone.
Mas, revenons à nos moutons, vou justificar o título desta crônica. Certo ano, numa certa instituição de ensino superior, estava eu cursando uma certa disciplina “carmica” (aff! Só a quinta vez, pois fiz na primeira graduação, duas vezes na segunda graduação e reprovada por falta de tempo de ir à aula, e cursando pela terceira vez e paralelamente, mais uma vez, a tal da Metodologia Científica, na pós graduação). ficou confuso? Imagina eu!
Pois fui obrigada a cursar, PELA QUINTA VEZ, a disciplina de Metodologia Científica exercendo meus dons circenses. Estava matriculada em 07 disciplinas no turno matutino em horário fechado de 08:00 às 12:00. Uma disciplina por dia. Ops, não há aulas no domingo, então tenho que usar também meus dons de onipresença. Assistir 15 minutos em uma sala, mais quinze na outra e ir revezando.
Espere que chegarei agorinha na acusação de plágio. O professor nos pediu uma resenha critica de um filme ( ótimo ) valendo uma das notas obrigatórias. O aviso veio com quase dois meses de antecedência e eu, para não acumular trabalho em vista da correria, decidi adiantar. Na verdade isso foi uma raridade, o de adiantar trabalho. Fiz minha resenha com muito carinho, dedicação e esmero. Enviei com um mês de antecedência. E esperei, esperei e esperei a nota.
O professor só foi corrigir junto com as demais, na data marcada. E quando veio a minha nota, ai madre! Uma decepção. Mandei um pedido de esclarecimento daquela nota tão desaforada. Depois de tomar um bom chá de corredor, recebi um recado mais desaforado ainda. O meu texto era PLÁGIO. Como assim, produção? Será que a musa, aquela devassa, andou visitando outra amante na mesma nuit de mai e cochichou ao pé do ouvido da outra as mesma palavras românticas que a mim?
Mais um pedido de revisão no protocolo. Resultado, na empolgação do filho concebido, naquela ardente noite de maio, com O MUSO, eu decidi mostra-lo ao mundo e publiquei na internet. O “caguêta” do Google, fuxicou para o professor que leu na internet um texto “cagado e cuspido” ao meu (mais uma releitura de minha mãe). Só que o dedo duro se esqueceu de dizer o nome da mãe do dito cujo. Daí, fui quase condenada por plagiar a mim mesma. Ainda bem que continuo sendo a cricri que quer saber tudo nos mínimos detalhes.
Firmado e por mim datado para ser devidamente reconhecido.
Picos, 22, de julho de 2015
Maria Nilza