Conheça o torneiro mecânico piauiense que se tornou escultor de peças em metal

“Na minha época não tínhamos internet. Então, a nossa comunicação era través do dialeto, escrita e ilustração. Alguns amigos faziam histórias, outros roteiros, e eu desenhava. Quando chegou a minha fase adulta, eu fiz um curso de Tornearia Mecânica. Foi quando eu comecei a trabalhar e juntar esse material das oficinas, os ferros, e passei a produzir”, explica Braga.

Atualmente, o também torneiro mecânico tem encomendas de obras com destino a Portugal e México. Ele contou que não esperava por toda essa repercussão, mas fica feliz em fazer seu trabalho, sua arte.

Seu processo de criação é feito junto ao cliente, os dois pensam uma ideia. Braga desenha e envia esse esboço à pessoa. A partir da aprovação, o processo de criação é iniciado. Contudo, ele destaca que nem sempre a obra sai como o desenho. Ele acredita que é como se a obra tivesse vida própria, e soubesse o próprio curso de sua forma.

“Certo que o desenho é um outro campo, a escultura tem uma dimensão a mais. Então por isso eu acho interessante que, as vezes, durante o processo de fazer a escultura, eu esquento uma peça, por exemplo, e o braço da obra tem um caimento, e aquele caimento torna a escultura muito mais impactante que o desenho original. É como se a obra dissesse: olha, é por aqui!”, conta rindo.

Questionado sobre a valorização do trabalho do artista, Braga comenta que sua arte e a de qualquer artista está acima do valor material. O prestígio dado a certas obras e pessoas deve levar em conta a cultura daquele lugar.

Mesmo assim, o artista visual reconhece que sem a sua arte ele é invisível. Assim como ele mesmo fala, “é o que faz eu existir como ser humano no meio das pessoas, é esse conhecimento”.

“Eu não sou muito de reclamar do nosso comercio aqui no Piauí, não. Porque também temos que ver a cultura que estamos inseridos, qual a necessidades que temos aqui. E não podemos criar uma barreira dizendo ‘a eu não vou chegar a lugar nenhum porque aqui ninguém me valoriza’, eu não gosto dessa expressão de valor, de achar que fazemos isso então temos que ser milionários, mostrar algum bem de valor caro pra dizer que sou um artista bom”, disse.