O pico da incidência da Covid-19, doença resultante da infecção pelo novo coronavírus, deverá ocorrer no Brasil logo depois do dia 20 de maio. Pelo menos esta é a projeção feita por um estudo de uma equipe de pesquisadores e técnicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo faz uma projeção para cada estado do país e, diante das projeções feitas com dados agregados dos últimos 15 dias, aponta que o pico da doença no Piauí será no dia 24 de maio. E traz um dado preocupante: o estado terá problemas com a ofertas de leitos de UTI a partir do dia 7 do próximo mês.
Ainda segundo o estudo, o estado do Piauí deverá enfrentar déficit de leitos de UTI por 64 dias – portanto, essa situação tende a chegar até meados de julho. Essas projeções levam em conta o número de leitos disponíveis para o atendimento der pacientes com Covid-19, incluindo cadastrados e não cadastrados para o SUS. Os cálculos feitos pelos pesquisadores da UFMG apontam que o número máximo de casos registrados em um só dia deve ser de 1.110, com previsão para dia 24 de maio.Vale notar que os dados são atualizados sistematicamente, o que pode alterar as projeções futuras para pior ou melhor.
As projeções feitas pela equipe da Federal de Minas indicam a falta de UTI em todos os estados, embora com intensidade diferente. No DF, por exemplo, o déficit de leitos para UTI deverá ser de 17 dias. No caso do Ceará, o déficit será de 73 dias, mais de quatro vezes o esperado para o DF. Realidade mais grave devem viver estados como Roraima e Rondônia, com cerca de dois meses e meio de déficit. Muitos estados deverão ter déficit inclusive de leitos gerais, para casos menos grave. Roraima está outra vez nesta lista, e em companhia de estados ricos como Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Veja na tabela acima o comparativo do Piauí com quatro estados vizinhos, além de São Paulo e Distrito Federal.
Mudança das projeções depende de atitudes
Em entrevista à TV Globo, no domingo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a história dessa pandemia vai ser contada pelo povo. A frase quer dizer pura e simplesmente: o quadro da pandemia depende muito do comportamento cidadão, a quem o ministro pede que fique em casa. A adesão ao isolamento social é vista como fator crucial para baixar a curva de incidência de casos. Se baixar, a dependência de UTIs tende a cair e o déficit real será bem menor que as projeções até agora feitas.
Os registros dos últimos dias em todo o Brasil mostraram redução da adesão ao isolamento em 26 dos 27 estados: só Amazonas não registrou queda na semana passada. O Piauí, que é um dos estados com maior nível de adesão, registrou na quinta-feira um índice de pouco mais de 52% de isolamento. O “ficar em casa” é visto como o principal trunfo para mudar as projeções. Ao mesmo tempo, é considerado essencial o fortalecimento da rede de atendimento – incluindo mais UTIs para atendimento de pessoas infectadas pelo coronavírus.
Fonte: CidadeVerde