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5 de maio de 2024
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Quatro advogadas em Teresina acionam polícia após ataques sexuais em grupo de WhatsApp

Quatro advogadas em Teresina registraram boletim de ocorrência após ataques, a maioria de cunho sexual, pelo WhatsApp. As ofensas que viralizaram pelas redes sociais foram atribuídas ao advogado Francisco da Silva Filho, esposo da atual vice-presidente da Ordem dos Advogados no Piauí (OAB-PI). Segundo Ravena Mendes, uma das vítimas, a discussão teve início após críticas à atual gestão.

A discussão ocorreu na noite deste domingo (21) e se estendeu até a madrugada. Nos áudios há agressões verbais, xingamentos e até ameaças. “Se tu tiver um macho na tua casa vem aqui pra eu comer na bala”, “vou na tua casa bater em tu e na tua família”, “ache ruim, dê parte, vamos pra Justiça. Me respeite, sua (xingamento), “dê parte ou mande um macho da sua casa vir onde eu tô”, “doutora a senhora entra, mas se arrebenta. Sem as instruções de um profissional, a senhora entra na (novo xingamento). Em outro áudio, o advogado chega a chamar as vítimas de “pilantra” e “cachorra”.

A discussão envolveu as advogadas Ravena Mendes, Patricia Alencar, Júlia Maria e Glenda Cunha que registraram boletim de ocorrência por difamação, injúria racial, violência psicológica, violência sexual e ameaça. O grupo onde ocorreu a discussão é formado apenas por advogados e tem 256 participantes.

Foto: arquivo Cidadeverde.com

“A gente estava fazendo críticas à atual gestão da OAB-PI e acredito que, por ser casado com  a vice-presidente da Ordem, ele não gostou e começou a agir com deboche, piada. A gente  revidou. Depois ele teceu comentários de baixo calão e uma sequência de agressão. Quando a Dra Glenda tentou me defender foram ameaças. Houve agressão de cunho sexual e até racista, por eu ser negra. Em um dos áudios ele pergunta se na minha raça tem macho. As críticas que fizemos não eram direcionadas a uma pessoa, mas à atual gestão da OAB. Daí as agressões começaram contra mim, mas se estenderam a mais três colegas. Ele tem porte de arma e uma das questões é para que derrubem esse porte, pois ele não tem psicológico para andar armado “, conta a advogada Ravena Mendes.

Para a advogada, o tom  agressivo das ofensas se deu por se tratar de mulheres. Além do BO, as vítimas pretendem representar criminalmente.

“Vísivel a violência de gênero, desprezo e menosprezo por sermos mulheres. Se a discussão envolvesse homens, ele  não teria sido tão agressivo”, disse Ravena Mendes.

Cidadeverde.com tentou contato com o advogado Francisco da Silva Filho, mas as ligações não foram atendidas. O site está aberto para esclarecimentos.

OAB SE MANIFESTA

Diante dos fatos ocorridos no grupo de Whatsapp não institucional intitulado “OAB Piauí 2”, na noite do domingo (21/08), a Presidência da OAB Piauí determinou, de ofício, ao Tribunal de Ética e Disciplina, a instauração de procedimento administrativo para apuração de todas as condutas incompatíveis com o exercício e a dignidade da advocacia no episódio mencionado.

Por oportuno, determinou ainda a apuração da utilização indevida de símbolos e nomenclaturas privativos da Ordem dos Advogados do Brasil.

A OAB-PI, ao tempo em que não compactua com posições pessoais depreciativas da dignidade da pessoa humana e da advocacia, repudia veementemente todos os tipos de violências de gênero, especialmente contra a mulher.

A Ordem trabalha diariamente pela preservação de direitos e tem como obrigação moral zelar pela ética e por resguardar os direitos da advocacia, indistintamente.

Dessa forma, a instituição reitera a disposição para, através da Comissão da Mulher Advogada e de todos os seus órgãos, adotar as providências necessárias à restauração do equilíbrio e do decoro, a exemplo das medidas já adotadas.

Celso Barros Coelho Neto
Presidente da OAB-PI

Fonte: Graciane Araújo / CidadeVerde

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