A Polícia Civil desarticulou nesta quinta-feira (26) um grupo criminoso acusado de fraudar emplacamento de veículos no Departamento de Trânsito do Piauí (Detran-PI) para conseguir financiamento em instituições financeiras. Os alvos são líderes da mesma quadrilha investigada na operação que resultou na morte de um agente da Polícia Civil do Piauí na cidade maranhense de Santa Luzia do Paruá. Foram cumpridos cinco mandados judiciais e duas pessoas foram presas. Três ainda se encontram foragidas.
Um dos alvos da prisão preventiva expedida hoje (26) é o acusado de atirar e matar o agente Marcelo Soares da Costa, do Departamento de Repressões às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). Bruno Manoel Gomes Arcanjo já se encontra preso e é réu no processo pela morte de Marcelo. Agora, ele responderá também pelo envolvimento no esquema de fraudes em emplacamentos de veículos junto ao Detran-PI.
Conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Deccor), a operação de hoje identificou um esquema criminoso estruturado e executado por meio do pagamento de propina a servidores do Detran-PI para a concessão de favores. Estes favores incluíam emplacar veículos inexistentes e criados por meio da falsificação de documentos. O valor pago pelos criminosos aos funcionários do Detran-PI era irrisório, segundo a polícia, e somava, por vezes, R$ 50.
Por meio do emplacamento fraudado e com a documentação falsa, os criminosos conseguiram financiamentos em instituições financeiras. O prejuízo causado a um único banco chegou a somar R$ 1,6 milhão, segundo o que informou o delegado titular da Deccor, Ferdinando Martins.
“Identificamos o primeiro núcleo de envolvidos no Detran em outro inquérito e depois de individualizar a participação deles, investigamos o núcleo superior a eles. São dois primos que vieram para o Piauí de outro Estado. Aqui eles recrutavam laranjas para ceder documentos pessoais para emplacar veículos falsos. Depois disso, esses veículos eram comercializados pelo grupo e o dinheiro resultante da venda deles por meio de financiamento era transferido para a conta de pessoas indicadas pelo próprio grupo”, explica o delegado Ferdinando.
Os “veículos fake” eram registrados junto ao Detran com todos os seus dados fabricados, incluindo número de RENAVAN e chassi. Posteriormente, que também eram lesados pelo esquema, financiavam estes veículos para pessoas ligadas ao grupo e quem recebia o dinheiro do financiamento era encarregado de transferir o valor aos demais envolvidos.
O grupo atuou no Piauí por pelo menos dois anos, entre 2020 ao início de 2022. O levantamento da Deccor aponta que eles chegaram a fabricar ao menos 37 veículos que não existiam durante este período. Foram feitas diligências junto com a Polícia Rodoviária Federal e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito), e ficou constatado que estes veículos nunca circularam por nenhuma rodovia piauiense nem por qualquer rodovia no país. Segundo o delegado, era a prova de que eles nunca existiram.
“Hoje foram cumpridos cinco mandados, dentre eles ordens de busca e apreensão e de prisão temporária dos principais responsáveis. Dois foram presos e três seguem foragidos. O trabalho final resultou no indiciamento de sete pessoas, sendo cinco líderes e dois que tiveram participação acessória porque recebiam dinheiro nas suas contas e dividiam entre os demais envolvidos. Os funcionários do Detran foram investigados em outro inquérito. Trata-se do chefe do setor de vistoria do órgão, porque sem ele nenhum veículo sem emplacamento passava, e alguns despachantes”, conclui o delegado Ferdinando.
A Polícia Civil divulgou os nomes dos três foragidos na ação de hoje (26): Thalyson Santiago Campelo, conhecido como Japa; Wallace Fernandes Moreira Silva e Gabriel Seabra Araújo. A Delegacia de Combate à Corrupção disponibiliza o telefone (86) 99471-7288 para o recebimento de denúncias e eventuais informações sobre o paradeiro dos três foragidos. Há ainda o telefone da Ouvidoria, que também pode receber denúncias: (86) 98884-5768.
Fonte: O Dia