3 de maio de 2024
Cidades em Foco
GeralPolítica

Lula e Bolsonaro se enfrentarão como ‘padrinhos’ em 14 estados brasileiros

Lula e Bolsonaro / Foto: Ricardo Stuckert e Alan Santos/PR, respectivamente

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de votos para o Palácio do Planalto, se enfrentam como “padrinhos” em disputas diretas de pré-candidatos ao governo de 14 estados, número que deve aumentar nas próximas semanas com a oficialização de novos apoios. Juntos, esses palanques estaduais representam 72,4% do eleitorado brasileiro. Em oito deles, lulistas ou bolsonaristas disputam uma das três primeiras colocações nas pesquisas.

São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia – primeiro, terceiro e quarto maiores colégios eleitorais do País, respectivamente – já anteciparam o confronto e consolidaram pré-candidaturas dos dois lados. Os eleitores de Tocantins, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Sergipe e Espírito Santo devem encontrar um cenário parecido nas urnas, com candidatos do PT e do PL se apresentando na disputa. A dobradinha entre os presidenciáveis e os postulantes aos governos estaduais também é dada como certa no Paraná, em Pernambuco, na Paraíba, no Maranhão e em Minas Gerais

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o desempenho dos presidenciáveis nas pesquisas não se transfere automaticamente para as disputas locais. Porém, o voto para presidente costuma ter impacto nas escolhas regionais do eleitor e pode empurrar disputas dadas como certas para o segundo turno. “É o candidato a governador que precisa do apoio do presidente e não o contrário, ainda que exista o outro lado”, disse a cientista política Graziella Testa, professora da FGV. Em 2018, por exemplo, o apoio de Bolsonaro, no primeiro ou no segundo turno, ajudou a eleger 16 dos 27 governadores.

Para a pesquisadora, a cláusula de barreira e a arrecadação dos recursos que financiam as campanhas, que dependem da quantidade de deputados federais eleitos, têm obrigado as siglas a concentrar esforços para eleger nomes para o Legislativo, sobrando menos energia para a corrida pelo Executivo. “Os partidos não estão mais dispostos a apostar em um cavalo que tenha pouca chance de ganhar porque isso pode resultar em perder a aposta do outro lado (no Legislativo) que tem um impacto muito maior”, disse.

Cientista político e professor da Universidade Federal do ABC, Vitor Marchetti observa que as polêmicas ligadas aos padrinhos políticos tendem a ser utilizadas nas disputas regionais como forma de se promover ou minar o nome do adversário.

“A ligação entre o nome estadual e o federal passa pelas agendas e por identidades maiores”, explica. “Então, um candidato que colar no Lula certamente vai querer falar sobre temas que o ex-presidente vai estar trabalhando, como a economia do período do governo PT, crescimento da classe D, dentre outros. O candidato apoiado por Bolsonaro vai lidar com críticas em relação à questão da pandemia, das vacinas e das denúncias de corrupção no MEC. Não são temas de responsabilidade do governador, mas são assuntos ligados aos padrinhos.”

‘Neutro’

Na semana passada, em entrevista a um canal de TV na Bahia, Bolsonaro disse que nos Estados com mais de um aliado seu na disputa, será “neutro” e vai focar em sua reeleição. Ele cita, como exemplo, o Rio Grande do Sul, onde Luiz Carlos Heinze (PP) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) são pré-candidatos; e Santa Catarina, onde o atual governador, Carlos Moisés (Republicanos) deve enfrentar o senador Jorginho Mello (PL).

Em São Paulo, há a possibilidade de palanque duplo para a chapa liderada por Lula e uma apoiada por Bolsonaro. O ex-ministro Fernando Haddad, do PT, deve disputar com o ex-governador Marcio França, do PSB de Geraldo Alckmin, que deve sair como vice de Lula. Já Bolsonaro deve ter o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) como representante.

Um quarto nome tenta despontar nas pesquisas paulistas: o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiu após renúncia de João Doria (PSDB) para se cacifar como candidato ao Planalto. São Paulo é o maior colégio eleitoral do País, com mais de 32 milhões de eleitores, e é visto como peça-chave para os presidenciáveis.

Para Marchetti, a situação paulista se assemelha ao cenário federal. “Não só a polarização, mas também mostra a dificuldade de construir a centro-esquerda como uma frente ampla de resistência ao Bolsonaro, de ter uma candidatura pró-Bolsonaro com força e de ter uma candidatura de centro que está tentando decolar e que ainda pode ser que consiga crescer nos próximos meses”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo 

Notícias relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Se você está de acordo, continue navegando, aqui você está seguro, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia mais