Um estudo da NASA, que apontou o Brasil como um dos países que podem ter regiões inabitáveis em 50 anos, chamou a atenção dos piauienses porque de acordo com a pesquisa, por aqui, as sensações térmicas poderão chegar até os 71º C, devido as ondas de calor extremo. O Piauí também está na lista das áreas que se tornariam inabitáveis ao ser humano por conta das temperaturas extremas. O estudo com os dados é denominado “The emergence of heat and humidity too severe for human tolerance” e foi publicado em 2020.
Quem explica esta previsão preocupante é Sarah Cardoso, climatologista da Semarh. Em entrevista, Sarah afirma que os estudos levam em consideração o aumento da temperatura, causado pelas mudanças climáticas, e a umidade do ar. Esta combinação pode, em cerca de 50 anos, levar aos índices de sensação térmica extrema no Piauí e em outras regiões do mundo.
“A NASA observou que em algumas áreas do planeta em momentos de calor extremo, o termômetro de bulbo úmido – que é um termômetro que tem uma água com algodão dentro e consegue mensurar nossa sensação térmica”, detalha Sarah Cardoso. Ela explica que o equipamento simula a sensação térmica humana e é diferente do termômetro comum, que mede apenas a temperatura do ar.
Regiões do mundo podem sofrer com ondas de calor extremo e ficarem inabitáveis.
O suor é a reação natural do corpo a uma situação de calor excessivo. Sua principal função é auxiliar na manutenção da temperatura corporal, que quando está normal, é de 36,5°. Com a temperatura de bulbo úmido a 35º C, esse mecanismo de termorregulação perde a sua eficácia e o suor não consegue evaporar de forma suficiente para regular a temperatura corporal.
“Só que quando há calor extremo e muita umidade, a gente não consegue suar, os órgãos entram em colapso e a pessoa morre. Mesmo quem não tem nenhuma comorbidade”, complementa a climatologista.
O Brasil é só uma das cinco regiões que podem ficar sem água em 50 anos por causa da crise climática provocada pelo desmatamento, pela urbanização e emissão de gases poluentes nas áreas mais populosas do país e devido à desertificação e falta de água.
Outras regiões citadas no estudo no mundo são: o Sul da Ásia, incluindo países como Índia, Paquistão e Bangladesh; Golfo Pérsico, abrangendo países como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos; Nordeste da China, uma das regiões mais populosas do planeta; Partes do Sudeste Asiático, incluindo Tailândia, Vietnã e Filipinas.
22 de Julho de 2024 foi o dia mais quente da história recente
Conforme previsto, os dados preliminares do Copernicus Climate ERA5 mostram que segunda-feira, 22 de julho, foi o dia mais quente da história recente. A data bateu novo recorde diário de temperatura média global. As altas temperaturas foram sentidas principalmente no hemisfério norte e são uma evidência do aumento dos termômetros em todo o mundo.
22 de julho, dia mais quente da história recente do mundo.
Outro marco preocupante foi registrado em junho deste ano: junho de 2024 foi o mais quente já registrado na história. Junho foi o 13º mês consecutivo em que a temperatura média global bateu recordes, segundo dados da Agência Climática Copernicus, uma instituição europeia especializada no monitoramento das mudanças climáticas.
O professor Rafael Marques, Mestre em Estudos Regionais e Geoambientais e doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais, explica que a temperatura média dos últimos meses foi 1,5 °C acima da média da era pré-industrial. Em termos simples, isso significa que o planeta está consistentemente mais quente do que era antes da Revolução Industrial, que começou no final do século XVIII.
Fonte: O Dia