A Covid-19 foi mais letal entre negros do que entre brancos no Piauí, segundo um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal no estado (UFPI).
De acordo com o estudo desenvolvido, pelo menos 5. 7 mil piauienses hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave e que vieram a óbito devido a Covid-19 eram negros. Pelo menos 1 mil eram pacientes brancos e 183 foram identificados como sendo amarelos.
Nível de escolaridade
Ainda de acordo com os dados, observou-se diminuição da letalidade à medida que aumentou o nível de escolaridade, especialmente entre os indivíduos internados residentes no interior.
No período analisado a taxa de letalidade foi de 80,7% entre os sem escolaridade, de 77,8% naqueles com ensino fundamental completo, de 43,8% entre os que cursaram o ensino médio, e de 41,9% entre os que possuíam nível de escolaridade superior.
Idosos foram os mais atingidos
A pesquisa comprovou também que a letalidade por coronavírus, entre os registros hospitalares com desfecho de morte, foi maior para idosos, especialmente no interior do estado.
Nos indivíduos com 60 anos ou mais de idade, a letalidade foi de 45,0% na capital e de 55,4% no interior.
Entre os indivíduos do mesmo grupo etário que necessitaram de cuidados intensivos e os receberam, a letalidade foi de 73,9% na capital e de 86,5% no interior.
Quando submetidos a ventilação invasiva, a letalidade nos indivíduos com 60 anos ou mais foi de 88,9 na capital e de 98,3% no interior.
O estudo levou em conta dados das semanas epidemiológicas 12 de 2020 (início em 15/03/2020) e 12 de 2021 (final em 27/03/2021).

Para o professor Emídio Matos, pesquisador do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e membro do Comitê de Operações Emergenciais (COE-PI), os dados demonstram o determinante social do coronavírus. Ou seja, que independente do fator biológico, a pandemia não atingiu a todos da mesma forma.
“As pessoas mais vulneráveis, os negros e com mais baixa escolaridade foram as que mais evoluíram para óbito. Isso mostra uma inequidade na saúde e que as políticas públicas precisam ser orientadas e redesenhadas”, pontuou o professor.