Trabalhar na linha de frente no combate ao coronavírus tem sido uma das honras da Tânia Furtado, enfermeira do Hospital do Buenos Aires, na Zona Norte de Teresina. Mas não é a única. No meio de tantas angústias e medos na rotina de trabalho, ela pode contar com o apoio e auxílio da família, que tem estado unida até mesmo durante os plantões.
Os pais, Raimundo Furtado e Rosa Furtado, são técnicos de enfermagem e trabalham no mesmo hospital da filha. Local que na infância funcionava como uma segunda casa para ela e a irmã, Nádia Rodrigues, que também é enfermeira.
“Meus pais são técnicos de enfermagem. Trabalharam a vida toda nesse hospital. E como morávamos em Campo Maior, algumas vezes vínhamos com eles, em uma época que não tinha problema os filhos estarem nesse ambiente. Atuar com os meus pais é contar com uma rede de apoio dentro de casa e fora dela. Mesmo com o distanciamento e as medidas, nos sentimos mais unidos”, contou.
Além de dividir a rotina com os pais no Hospital do Buenos Aires, Tânia também é enfermeira do Serviço de Atendimento de Urgência (Samu) em Teresina, trabalho onde conheceu Nelson Neto, que é condutor de ambulância e com quem está casado há sete anos. O casal divide a mesma casa com os pais e a irmã de Tânia. Apesar de todos serem profissionais de saúde, eles preferiram tomar as medidas de distanciamento e higiene para evitar os riscos de disseminação da doença entre eles.
Desde o começo da pandemia todos têm evitado as reuniões no mesmo ambiente , incluindo as refeições em conjunto. A irmã de Tânia trabalha na rede de saúde em Floriano, a 247 km da capital, e quando volta para casa no fim da semana fica isolada em um outro cômodo.
A irmã de Tânia trabalha na rede de saúde em Floriano, cidade a 247km da capital — Foto: Reprodução
“A gente vivia se abraçando, almoçava em família. Agora a gente não toca em nada e toma todos os cuidados para que se um tiver doente, o outro não pegue. Eu e meu esposo moramos no andar superior da mesma casa e quando chegamos do trabalho, nos isolamentos aqui em cima. Até para lavar as roupas, descemos somente quando todo mundo está dormindo para evitar qualquer contato”, contou a enfermeira.
Foi essa preocupação que evitou que a enfermeira Tânia e o marido passassem a Covid-19 para os outros moradores da residência. Há 20 dias o casal apresentou sintomas e testou positivo para a doença. Como recomendando, eles se isolaram em um cômodo da casa e respeitaram a quarentena até que um novo teste mostrasse que já estavam recuperados.
“Apesar de todos os cuidados, acabamos contraindo a doença. Não falta nenhum equipamento para proteger durante a rotina de trabalho, mesmo assim adoecemos. Mas pelo menos não transmitimos para os meus pais”, declarou a enfermeira.
Casados há 7 anos, Tânia e Nelson são linha de frente no combate à Covid-19 — Foto: Reprodução
Após o susto e a recuperação, os dois puderam retornar a rotina do Samu e rever, pelo menos de longe, o restante da família. Mesmo que essa atuação na linha de frente do combate à Covid-19 tenha servido para fortalecer a união que já existia entre eles, Tânia não esconde que o momento mais aguardado é o de poder voltar a rotina de antes.
“Mesmo até que já tenhamos contraído, seguimos com medo no meio de tudo isso. Mas nós amamos nossa profissão. Por isso que a gente se entrega. Para ajudar a aliviar aquela dor, a angústia, o medo e o sofrimento dos pacientes. Mas estamos ansiosos, contando os dias para que as coisas possam voltar ao normal. Para que a gente possa se abraçar e ficarmos juntos como antes em casa”, finalizou.
Tãnia Furtado conta que o momento mais aguardado é o de poder voltar a rotina de antes. — Foto: Reprodução
Fonte: G1-PI