Cerca de 300 famílias do assentamento Novo Zabelê, na zona rural de São Raimundo Nonato, Sul do Piauí, estão há sete meses sofrendo com o abastecimento irregular de água. A concessionária de Águas e Esgotos do Piauí S/A (Agespisa) informou que o abastecimento irregular acontece nas residências que ficam na região mais elevada da comunidade.
A moradora Maíra Alves disse que a questão do abastecimento de água piorou após os incêndios no município de São Raimundo Nonato e região. O fogo no município iniciou no dia 7 de setembro e chegou atingir casas, propriedades e até animais.
“O problema é o mesmo, a falta de água nunca foi resolvido. Vez ou outra a água vem, mas bem fraquinha, dá para encher só algumas vasilhas. Agora com a questão das queimadas que estavam tendo aqui só piorou nossa situação e no fim, ninguém tem água”, contou.
Em entrevista ao G1 no mês de julho, a moradora contou que a maioria das famílias da região tem cisternas, mas todas já haviam secado. Então o abastecimento passou a ser feito por caminhões-pipa e os moradores precisam pagar pela água e pelo transporte.
Agespisa alegou que a comunidade Zabelê fica numa região bastante elevada e que, neste período mais quente do ano, com o aumento de consumo, as residências que ficam nas duas ruas mais altas do povoado têm mais dificuldade com o abastecimento. (Confira a nota na íntegra no fim da matéria)
A morada Maíra Alves explicou que mesmo as 100 famílias que moram na região mais baixa da comunidade sofrem com o abastecimento irregular. A água não fica disponível o dia todo e quando chega às torneiras, o volume e pressão são baixos dificultando o abastecimento de recipientes.
Poço desativado
A região da Serra Branca é o local onde a água no subsolo é encanada e distribuída para o município e seus arredores, segundo a Agespisa. Antes dessa água chegar na cidade, ela passa e abastece a comunidade Zabelê. Em Serra Branca existem três poços, mas apenas dois estão em pleno funcionamento.
O terceiro poço está desativado devido um dano e para seu conserto será preciso uma nova equipagem completa. A Agespisa informou que a empresa que ganhou a licitação para fazer esse serviço não forneceu os equipamentos ainda. O atraso se deve porque a empresa contratada reduziu a produção durante a pandemia da Covid-19.
Assentamento Novo Zabelê, em São Raimundo Nonato — Foto: Prefeitura de São Raimundo Nonato
Enquanto não há previsão para a normalização do funcionamento dos três poços, o abastecimento na comunidade Zabelê segue irregular.
Saúde pública
Maíra Alves disse ainda que a Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade também está sem o abastecimento regular de água. A unidade só consegue desempenhar suas funções porque a prefeitura manda caminhões-pipa abastecerem a caixa d’água do local.
Nesta terça-feira (14), moradores denunciaram que o atendimento na UBS ficou suspenso pela falta de água na unidade. Um profissional de saúde precisou buscar água em casa para continuar o serviço.
“Um enfermeiro e um motorista do posto foram pegar água na casa do profissional de saúde, que mora aqui na comunidade, para levar até a UBS e continuar com o atendimento. Ou seja, a pouca água que esse enfermeiro juntou durante a madrugada, ele doou para o posto e assim continuou o atendimento”, disse a moradora.
A Agespisa disse que o abastecimento irregular vai continuar até que o problema do poço ser resolvido, mas não tem data definida para o serviço.
Nota da Agespisa
Em nota a Agespisa informou que a comunidade Zabelê fica numa região bastante elevada e que, neste período do ano, com o aumento de consumo, as residências que ficam nas duas ruas mais altas do povoado tem mais dificuldade com o abastecimento; mas afirma que tem água no povoado que, inclusive, fica localizado entre o centro de produção da Serra Branca e a cidade de São Raimundo Nonato. Portanto, antes de a água que sai da Serra Branca descer para o centro da cidade, abastece o povoado Zabelê.
Fonte: Estagiária sob supervisão de Catarina Costa / G1-PI