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14 de janeiro de 2025
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Ler ainda é a solução: como a leitura pode estimular o pensamento crítico e a criatividade

Leitura / Foto: Freepik

O Brasil enfrenta um cenário preocupante em relação ao hábito da leitura. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura 2024, realizada pela Fundação Itaú e pelo Datafolha, mais da metade dos brasileiros não leem livros. Além disso, o estudo aponta que o Brasil perdeu 6,7 milhões de leitores nos últimos anos. A Bíblia é citada na pesquisa como a obra mais lida, mas a diversidade de leituras, que estimula a formação do pensamento crítico e a ampliação de horizontes, está em declínio.

A mudança desse cenário depende da renovação das formas de incentivar a leitura, afirmam especialistas. Conversamos com duas educadoras experientes para reunir algumas dicas e sugestões para quem deseja estimular o hábito da leitura nas crianças e adolescentes, de preferência fora das telas dos tablets e celulares.

O impacto cognitivo da leitura

Luciana Gomes, diretora institucional de ensino em São Paulo, destaca a importância de cultivar o hábito da leitura desde a infância: “A leitura é essencial para a formação da cidadania e para o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Ler também estimula a criatividade, a interpretação e a capacidade crítica, desde a infância, além de ampliar o vocabulário e melhorar a expressão escrita.”

Para Luciana, a leitura oferece um dos mais importantes exercícios para o cérebro. “Ela não só melhora o funcionamento da memória e da atenção como também fortalece a resolução de problemas. Além disso, a leitura amplia a visão de mundo do estudante, permitindo que ele se coloque no lugar do outro e desenvolva empatia”, afirma.

Estudos mostram que a leitura constante contribui diretamente para o aprimoramento de competências como o raciocínio lógico e a organização do pensamento. “Essas habilidades são fundamentais para o sucesso acadêmico e para o exercício da cidadania. Hoje, em tempos de informação acelerada, a capacidade de fazer conexões e analisar criticamente as informações são mais valorizadas”, explica.

Além disso, a leitura pode ser um fator crucial para melhorar o desempenho nos diversos componentes escolares. Luciana Gomes ressalta que é possível observar a influência no desenvolvimento global dos estudantes que têm o hábito de ler e no dos que não têm. “Alunos que leem com regularidade demonstram mais facilidade em compreender textos, interpretar enunciados e construir argumentações consistentes”, afirma.

A leitura em tempos de streaming e novelas

Em uma era marcada pelo entretenimento digital e pelo consumo massivo de novelas, os hábitos culturais dos brasileiros vêm se transformando. A pesquisa Retratos da Leitura deste ano mostra que assistir a filmes no streaming é o segundo hábito cultural preferido do brasileiro, enquanto a busca por programas culturais presenciais tem sido prejudicada por fatores como a violência e o preço dos ingressos.

Maria Lucia Mastropasqua observa que a popularização do conteúdo audiovisual pode, de fato, afetar a leitura, embora acredite que seja possível equilibrar as duas atividades. “A chave é integrar a leitura ao cotidiano das crianças e adolescentes de forma prazerosa e natural. Isso pode ser feito por meio de livros que se relacionem com os interesses deles, como adaptações literárias de filmes ou séries populares”, sugere.

Para estimular o hábito da leitura em casa, Maria Lucia recomenda que as famílias criem um ambiente favorável à leitura. “Isso significa ter livros ao alcance, dedicar um tempo específico para leitura e até mesmo compartilhar o prazer de ler juntos, criando um momento de conexão familiar”, afirma.

Como incentivar os jovens a ler mais?

As especialistas em educação sugerem algumas estratégias práticas para pais e educadores incentivarem a leitura entre as crianças e adolescentes:

  • Escolher livros que correspondam aos interesses dos jovens: Se seu filho adora mistério ou ficção científica, busque livros desses gêneros para motivá-lo.
  • Estabelecer uma rotina de leitura: Dedicar ao menos 20 minutos por dia para a leitura pode ajudar a criar o hábito.
  • Fomentar a troca de livros e experiências de leitura: Participar de clubes de leitura ou criar grupos com amigos para discutir livros pode aumentar o engajamento.
  • Incorporar a leitura em atividades cotidianas: Ler notícias, rótulos e até manuais pode ser uma forma de estimular o interesse por textos.
  • Aproveitar adaptações cinematográficas: Assistir a filmes e séries inspirados em livros pode ser uma excelente forma de aumentar o interesse pela leitura.
  • As educadoras também sugerem algumas dicas para engajar crianças e jovens na leitura:
  • Leitura compartilhada: Crie um momento de leitura em família ou com amigos para discutir as impressões sobre o livro lido.
  • Interesse pessoal: Busque obras que se conectem com os gostos e interesses específicos de cada um — seja por gênero (fantasia, mistério, aventura) ou por temas atuais (identidade, relações sociais etc.).
  • Desafios literários: Proponha uma meta de leitura, como “ler um livro por semana”. A leitura também pode ser uma parte divertida das férias.
  • Exploração de diversidade racial e cultural: O acervo infantil das obras voltadas para esses temas é vasto e fundamental para formar leitores conscientes, orgulhosos de suas raízes e respeitosos com as múltiplas culturas que formam o Brasil. Incentive os jovens a conhecer obras de autores negros, como Conceição Evaristo e Paulo Lins, que trazem representações poderosas da cultura e da luta do povo negro no Brasil.
  • Literatura urbana e contemporânea: Ruth Rocha é conhecida por sua escrita leve, divertida e engajada. Suas obras capturam o universo das crianças em meio ao dia a dia das cidades e das famílias modernas, tratando de temas como amizade, imaginação, questionamento de regras e valorização da diversidade. Autores como Clarice Lispector e Raduan Nassar podem ser uma excelente escolha para jovens que desejam se aprofundar em literatura psicológica e existencial.
  • Acesso ao conhecimento e cultura: Visitar livrarias e bibliotecas é uma atividade rica em benefícios que vai muito além da simples apreciação de livros. Esses espaços podem inspirar a descoberta de novas obras, proporcionar uma experiência sensorial única em um ambiente acolhedor, além de estimular a leitura e até contribuir para um momento de descompressão e desintoxicação digital.

E, claro, não poderiam faltar algumas sugestões de livros para cada faixa etária de autores clássicos e contemporâneos para enriquecer ainda mais a experiência e o prazer da leitura. Confira a seleção especial que as especialistas do Colégio Porto Seguro montaram para tornar as férias mais divertidas e enriquecedoras.

A partir de 5 anos

Carona – Guilherme Karsten
Turma da Vila (Coleção)

A partir de 6 anos

Árvores Geniais – Philip Bunting
A Escolinha do Mar – Ruth Rocha
Chapeuzinho Vermelho e o boto cor-de-rosa – Cristina Agostinho

A partir de 7 anos

Madeline Finn e Bonnie – Lisa Papp
Socorro em: uma vida nada fácil – Silvana Rando
Lamparina – Rafael Cabral
Turma do Marcelo (Coleção)

A partir de 8 anos

Sr. Boaventura – J. R. R. Tolkien
O mágico de OZ – L. Frank Baum
Kabá Darebu – Daniel Munduruku
Bia na África – Ricardo Dreguer

A partir de 9 anos

A casa na árvore com 13 andares (Coleção Casa na Árvore) – Andy Griffiths
Meu avô espanhol – João Anzanello Carrascoza
Black Power de Akin – Kiusam de Oliveira

A partir de 10 anos

Cínthia Holmes e Watson e suas incríveis descobertas – Christiane Gribel
Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll
Diário de Pilar na Amazônia – urgente – Flávia Lins e Silva
O Jardim Secreto – Flávia Lins e Silva
Vila Ventura – Rosana Rios

11/12 anos

Amal e a viagem mais importante de sua vida – Carolina Montenegro
Meu pai é um homem pássaro – David Almond

A partir de 12 anos

Anne de Green Gables – Lucy Maud Montgomery (tradução de João Sette Camara)

Ascom

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