O Prefeito Silvio Mendes reforço na manhã desta sexta-feira (25) que o Hospital São Marcos teria recebido cerca de R$ 30 milhões irregularmente nos últimos anos. Os repasses ilegais seriam decorrentes do não pagamento de uma contrapartida de uma linha de crédito contratada pela unidade de saúde junto a uma instituição financeira. O gestor defendeu que uma nova auditoria seja realizada e negou que a prefeitura irá repassar recursos para o São Marcos até a resolução do impasse.
Na última quinta, durante entrevista ao Jornal do Piauí, o presidente da Fundação Municipal de Saúde, Charles Silveira, chegou a afirmar que não existiriam atrasos no pagamento da pasta junto ao hospital. Como consequência da crise, o Ministério da Saúde enviará uma equipe técnica a Teresina para tentar solucionar o impasse em relação à suspensão dos atendimentos.
Silvio rebateu duramente as falas recentes do hospital.
“É fácil você apontar o dedo que os outros e botar a culpa nos outros. Vamos assumir a responsabilidade. Até o tempo do Dr. Alcenor, isso não aconteceu. E depois disso não é mais assim. Então, o hospital entrou com o empréstimo do banco. Durante o tempo que nós estivemos, nós fomos avalistas desse empréstimo. Por questão de desorganização da fundação, ela deixou de fazer o desconto desses empréstimos e passou o dinheiro todo pro hospital. O hospital, mesmo sabendo que aquele dinheiro deveria ter sido feito desconto, recebeu o dinheiro, recebeu o dinheiro que não era o dele”, afirmou.
O prefeito confirmou ainda que a gestão municipal ajuizou uma ação civil pública para que o hospital não feche.
“Isso foi crescendo muito tempo e chegou a mais de 30 milhões de reais que ele recebeu indevidamente. Não houve desconto de um empréstimo que ele fez, ele reconhece. Foi feito com o acordo da justiça, o hospital está devendo mais de 30 milhões, ainda quer mais dinheiro da prefeitura? Paciência. É preciso cuidar dos hospitais públicos por toda a cidade essa é a questão, então está judicializado, a Fundação entrou com uma ação civil pública, reclamando que o hospital não pode fechar”, finalizou.
Falta de respeito com o SUS
Silvio Mendes criticou ainda o atendimento diferenciado do Hospital contra pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)
“Vocês lembram lá atrás, como se eu tivesse agredindo no hospital por uma auditoria que constatou que eles receberam dinheiro por tratamento que não fizeram. Deve ser feita outra auditoria. Tem que se esclarecer isso. Por que o SUS, por exemplo os pacientes do SUS entra por uma porta diferente e os outros pacientes por outra? Os pacientes do SUS são menos do que os outros? Bora botar essa coisa no lugar”, concluiu.
Por meio de nota, o Hospital lamentou a crise enfrentada.
O Hospital São Marcos, referência no tratamento do câncer no Piauí, vem a público informar que está enfrentando uma grave crise de financiamento devido ao atraso de 19 meses nos repasses contratuais da Prefeitura Municipal. A instituição, que atende majoritariamente pacientes do SUS, chegou ao limite operacional e se vê forçada a interromper parte dos atendimentos oncológicos por absoluta falta de medicamentos.
Desde o início do ano, o hospital realizou:
Mais de 18 mil consultas em oncologia;
11 mil sessões de quimioterapia;
850 cirurgias de alta complexidade para tratamento do câncer;
Mais de 300 internações de crianças com câncer;
Mais de 400 internações de adultos com câncer.
Apesar do esforço contínuo da equipe médica e da gestão hospitalar, mais de 1.000 pacientes estão atualmente com seus tratamentos atrasados, o que coloca suas vidas em risco.
Durante o mesmo período, o hospital recebeu da Prefeitura o total líquido de R$ 19 milhões em repasses (recursos exclusivamente do Ministério da Saúde e da Sesapi, meramente repassados pela Fundação Municipal de Saúde). Considerando apenas os principais procedimentos de alto custo mencionados acima, o ticket médio por atendimento foi de aproximadamente R$ 1.400 — valor significativamente inferior ao necessário para cobrir despesas com medicamentos oncológicos, equipe multiprofissional, insumos hospitalares e estrutura física.
“Não se trata de uma disputa política. Trata-se de uma questão de saúde pública e de preservação da
vida. O Hospital São Marcos segue pronto para continuar atendendo, mas precisa de condições mínimas para isso. Estamos abertos ao diálogo e à construção de uma saída conjunta, responsável e urgente com a Prefeitura”, afirmou o diretor técnico da instituição em entrevista à TV, Dr. Marcelo Martins.
O hospital reconhece o cenário desafiador herdado pela atual gestão municipal, mas reforça que a população oncológica não pode ser penalizada por problemas administrativas ou atrasos financeiros. A urgência da situação exige uma solução imediata e pactuada entre os entes públicos.
Fonte: CidadeVerde