Motivo de orgulho para o Piauí, a ex-judoca Sarah Menezes coleciona vitórias em uma trajetória de sucesso no esporte. Como atleta, conquistou o Ouro nos Jogos de Londres, em 2012. Como treinadora da Delegação Feminina de Judô do Brasil, Sarah guiou Bia Souza ao Ouro nas Olimpíadas de Paris, em 2024, e guiou Larissa Pimenta no Bronze. O feito é inédito: Sarah Menezes é a primeira campeã olímpica brasileira como judoca e treinadora.
Mas ela também é uma exceção, e quem afirma isso é o seu ex-treinador. Em entrevista ao programa Bom Dia News, na O Dia TV, Expedito Falcão comentou o atual momento de Sarah Menezes e foi contundente ao dizer que a trajetória de sucesso dela é “um ponto fora da curva” no Estado. Expedito criticou a falta de investimentos na formação de base dos atletas piauienses e lembrou que o Piauí perde nomes promissores no esporte por conta disso.
“Precisa de políticas públicas para o esporte. Isso é básico. Se não tem política pública no Esporte, não tem como fazer esporte. A Sarah é uma exceção. A Juliana [Viana], do Badminton é uma exceção. A Adriana [Silva, também conhecida como Adriana Maga], no futebol é uma exceção. A falta de patrocínio não consegue fazer com que nosso Estado se consolide como um estado de atletas de grande rendimento, porque um atleta assim é caro. O que falta é apoio e muitos bons patrocinadores tanto do setor público, quanto do privado. Sem patrocínio, só o que temos são atletas piauienses indo competir por outros Estados, indo atrás de buscar em outros Estados o que não encontram aqui”, dispara Expedito.
O ex-técnico de Sarah Menezes lembra, por exemplo, de atletas do judô piauiense que foram representar outros Estados em busca de investimentos. Foi o caso do judoca teresinense Felipe Silva, que em 2021, quando era líder do ranking brasileiro sub-18, decidiu deixar o Piauí e ir competir pelo Grêmio Náutico União, do Rio Grande do Sul. Felipe havia sido revelado pela Associação de Judô Expedido Falcão e tinha sido convocado para treinar com a seleção adulta quando aceitou a proposta do clube de Porto Alegre.
Quando um atleta deixa seu estado de origem para treinar em outro Estado, ele passa a representar este outro Estado nas competições oficiais. “Vou citar como exemplo as nossas duas medalhistas em Paris no Judô: a Bia e a Larissa são do interior de São Paulo e representam as equipes de lá pelas quais elas treinam. Se um atleta sair daqui para São Paulo, não é mais atleta do Piauí. Ele passa a ser paulista. Tenho uma atleta aqui que foi convocada para a seletiva olímpica e está competindo pelo Rio Grande do Sul porque aqui não encontrou apoio”, diz Expedito Falcão.
Para o treinador, o nome de Sarah Menezes, assim como os nomes de Juliana Viana e Adriana Maga, traz um peso grande para o Piauí e projeta a visibilidade do Estado a nível nacional e, agora com as Olimpíadas, internacional. Essa visibilidade vem a partir da projeção da imagem do atleta. A ginasta Rebeca Andrade, por exemplo, conquistou duas Pratas, um Bronze e um Ouro em Paris. Ela representa a delegação brasileira, mas, também, seu clube, o Flamengo, e seu Estado de origem, o Rio de Janeiro.
Durante os Jogos de Paris, Rebeca já foi procurada por grandes marcas nacionais e internacionais para fazer publicidade, levando seu nome, o nome de seu país, de seu clube e de seu Estado.
Mas para se ter atletas no nível da ex-judoca Sarah Menezes e da ginasta Rebeca Andrade, Expedido Falcão lembra que é preciso investir na base.
“Nós temos aí uma nova geração de judocas, mas tem que ter em mente que o judô demora. É trabalho de décadas para chegar nesse ponto. Temos atletas promissores, mas precisamos de mais investimentos neles e isso vale tanto para o governo estadual, prefeituras e o governo federal, como também vale para as empresas privadas. Elas precisam entender que patrocínio é investimento e que apostar em um atleta é apostar no nosso Estado”.
A reportagem do Portalodia.com procurou a Secretaria de Esportes do Estado (Secepi) e a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) para perguntar sobre patrocínios e investimentos em atletas no Piauí e em Teresina. Em nota, o órgão estadual disse que o Governo tem investido fortemente no desenvolvimento do esporte por meio do apoio aos nossos atletas. A Secepi elencou alguns exemplos de projetos de incentivo como Bolsa Atleta, Piauí no Pódio, Capacita, Virada Olímpica Escolar, Programa Olímpico Escolar, Jogos Escolares Piauienses e Paralimpíadas Escolares Piauienses.
A Secepi salientou ainda a criação do SIESPI (Sistema Estadual de Incentivo Fiscal), para incentivar empresas privadas a investirem no esporte, patrocinando projetos como o Superação – Mais Esporte, classificado no recente mês de junho, para patrocínio. Como também, a concessão de passagens para deslocamento dos atletas até os estados e países da competição.
Confira a nota da Secretaria de Esportes na íntegra:
A Secretaria dos Esportes, com recursos do Governo do Estado do Piauí, tem investido fortemente no desenvolvimento do esporte e no apoio aos nossos atletas. Projetos como Bolsa Atleta, Piauí no Pódio, Capacita, Virada Olímpica Escolar, Programa Olímpico Escolar, Jogos Escolares Piauienses, Paralimpíadas Escolares Piauienses e SIESPI, são exemplos claros desse compromisso. E mais claros, ainda, são os excelentes resultados e o número de medalhas conquistadas por nossos atletas em competições mundo afora.
Além disso, investimentos em infraestrutura esportiva, como a construção e reforma de estádios, quadras poliesportivas, praças, ginásios e pistas, bem como a Lei de Incentivo Fiscal, demonstram nosso empenho em promover o esporte piauiense.
Salientando, ainda, a criação do SIESPI- Sistema Estadual de Incentivo Fiscal (SIESPI), inspirando empresas privadas a investirem no esporte, patrocinando projetos como o SUPERAÇÃO – MAIS
ESPORTE, classificado no recente mês de junho, para patrocínio. Como também, a concessão de passagens para deslocamento dos atletas até os estados e países da competição.
Sigamos com esforços contínuos em prol do esporte no Piauí.
Atenciosamente,
Secretaria dos Esportes do Piauí – SECEPI
Até o fechamento desta matéria, nenhum retorno da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel) foi obtido. O espaço segue aberto para futuros esclarecimentos.
Fonte: O Dia
