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29 de junho de 2025
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Quase sete a cada 10 cigarros vendidos no Piauí são ilegais

Cigarro - Foto: Pexels

Levantamento do Ipec, encomendado pelo Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), aponta que o Piauí está entre os estados com maior proporção de venda de cigarros ilegais no Brasil. Segundo o estudo, 68% dos cigarros comercializados no estado são contrabandeados, movimentando aproximadamente R$ 135 milhões por ano.

O índice coloca o Piauí atrás apenas do Maranhão, onde 70% dos cigarros vendidos têm origem ilícita, e ao lado do Rio Grande do Norte, que apresenta o mesmo percentual de 68%. A concentração nos três estados revela uma tendência regional: no Nordeste, 43% dos cigarros vendidos são ilegais — um patamar superior à média nacional, de 32%.

Especialistas atribuem o avanço do mercado ilegal a fatores como a fragilidade nas fronteiras, o fortalecimento de organizações criminosas e a elevada carga tributária sobre o produto legal. Entre 2023 e 2024, Maranhão e Piauí reajustaram duas vezes o ICMS sobre cigarros, ampliando a diferença de preços entre os produtos legais e os contrabandeados.

No Maranhão, a venda de cigarros ilegais gerou, em 2024, uma movimentação estimada em R$ 356 milhões para o crime organizado, com evasão de R$ 111 milhões em ICMS. Somados, Maranhão e Piauí registraram quase R$ 500 milhões movimentados em 2024 por meio do comércio ilegal de cigarros.

O avanço do mercado ilegal de cigarros na região acontece num contexto de expansão do crime organizado. Segundo levantamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, 46 das 88 organizações criminosas mapeadas no Brasil atuam com forte presença no Nordeste, disputando territórios e rotas de contrabando. Ano passado, o Brasil somava 72 organizações criminosas e cerca de 30 estavam na região.

O cigarro contrabandeado é um dos pilares financeiros dessas facções, porque tem alta demanda e baixo risco comparado a outras atividades ilícitas. Ignorar esse elo é permitir que o crime siga se fortalecendo

Edson Vismonapresidente do FNCP

A rota do Suriname no avanço do contrabando no Norte e Nordeste

De acordo com especialistas, a rota alternativa do contrabando via Suriname também impulsiona o mercado ilegal na região. O caminho marítimo tem se consolidado como uma alternativa vantajosa aos criminosos, que procuram fugir da intensa fiscalização nas fronteiras terrestres tradicionais.

O trajeto é o seguinte: do Paraguai, os cigarros passam pela Bolívia e o Chile, onde iniciam o transporte marítimo pelo Porto de Iquique. Depois, dão a volta no Canal do Panamá até chegarem ao Suriname, de onde alcançam as cidades do Norte e Nordeste. Uma logística complexa e cara, mas que parece compensar para os contrabandistas.

O presidente do FNCP, aponta para a íntima relação entre mercado ilegal de cigarros e o crime organizado: “não por acaso essas organizações também estão ligadas ao tráfico de drogas e armas, que, sabe-se, utilizam a mesma logística, incentivando a violência e afetando a segurança pública não só nas fronteiras, mas nas cidades de todo o País.”

Cenário nacional

O avanço do cigarro ilegal é reflexo da crescente estrutura do contrabando no país, que já domina 32% do mercado de cigarros, de acordo com o Ipec. A pesquisa indica, também, que o crime movimentou 34 bilhões de unidades de cigarro ilegal no Brasil em 2024. O montante é avaliado em R$ 9 bilhões. O levantamento estima que o contrabando de cigarros tenha causado um prejuízo de R$ 7,2 bilhões com evasão fiscal, apenas em 2024. Na soma dos últimos 12 anos essa quantia chega a aproximadamente R$ 105 bilhões.

Fábricas clandestinas

O mercado ilegal de cigarros é tão vantajoso que as organizações criminosas fabricam, em território nacional, verdadeiras cópias das marcas de cigarro paraguaias mais contrabandeadas. Este ano, a polícia já fechou ao menos 4 dessas fábricas. Em geral, a fabricação acontece em grandes galpões, com mão de obra paraguaia e submetida a condições extremamente precárias de trabalho. Os criminosos utilizam maquinário profissional capaz de produzir milhões de maços de cigarros. Nos últimos 13 anos, foram mais de 64 fábricas desativadas em todo o país. Juntas, elas têm um potencial de faturamento anual de R$ 4 bilhões.

Fonte: O Dia

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