Joelma Santos, viúva do eletricista Jucemberg Silva Aguiar, de 44 anos, relatou momentos vívidos após o acidente fatal. Segundo Joelma, ela estava trabalhando como vigilante quando foi informada por telefone que seu marido teria sofrido um acidente.
O encontro com ele aconteceu no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) onde o eletricista foi levado, mas não resistiu. Jolema Santos relata que o marido sentiu que não conseguiria sobreviver.
“Quando eu vi meu esposo foi no HUT. Estava no meu plantão quando soube que ele tinha sofrido esse acidente e estava em estado grave. Como foi o dia 18 de outubro, dia de um evento e a ponte da Primavera estava muito congestionada então achei por bem ir direto ao HUT. Quando cheguei no HUT, vi meu marido, ele passou por mim e eu disse: amor, vai dar tudo certo. Ele olhou para mim e só fez assim: amor, perdi. Minutos depois o médico disse para mim que o meu marido foi a óbito”, afirma.
Jucemberg Silva Aguiar estava trafegando na Ponte da Primavera, quando um carro que vinha na contramão colidiu com sua motocicleta frontalmente. A condutora do veículo é Mariana Monteiro Bevilaqua, namorada de um policial militar, que foi indiciada por homicídio doloso com dolo eventual.
Três dias após a morte do esposo, Joelma Santos foi à Central de Flagrantes de Teresina buscar informações sobre o caso. Desde então, Joelma vem realizando questionamentos e acredita que Mariana foi beneficiada por ser namorada de um policial militar.
“Ela estava resguardada por seu namorado, um policial militar, ela foi privilegiada por isso. Fique sabendo que ela saiu do local do homicídio no carro da família, foi abordada há mais de 10 metros do meu marido por três motoqueiros da Rocam, mas o namorado chegou, tirou do transporte, botou no carro do pai e foi até o hospital do Buenos Aires, aonde ela se negou a fazer o teste do bafômetro. Lá no IML o médico atestou que ela não tinha álcool. Como ele atestou se ela se negou a realizar o exame? Em que mundo a gente vive? Estou clamando por justiça”, afirma a viúva.
Investigação aponta dolo de motorista
De acordo com o delegado Carlos Cesar, titular da Delegacia de Trânsito e responsável pelo inquérito, o foco da investigação foi para apontar a dinâmica do acidente e a responsabilidade de Mariana no caso.
Ele informou que os pontos levantados pela viúva de Jucemberg foram levados em consideração na investigação, mas que a corregedoria da Polícia Militar e da Policia Civil é quem devem investigar o envolvimento do PM.
“O sargento que conduziu a Mariana até a Central de Flagrantes, em relação a levar ela ao hospital, ele disse que ela foi levada pelo carro do pai porque ela estaria acidentada e sangrando. E segundo ele a PM tem um protocolo de não conduzir vítimas que estão sangrando, passando mal dentro de viaturas. O protocolo é chamar o Samu. Ele relatou que ligou para o Samu, o médico fez uma triagem via telefone perguntando sobre o estado de saúde e depois o médico confirmou que ela não estava muito grave e poderia ir por meios próprios. Foi quando o sargento autorizou que ela fosse no carro do pai, mas a viatura do BPTran acompanhou os procedimentos e depois do atendimento dela, ela já socorrida com os curativos, foi levada à central de flagrantes pela viatura do BPTran”, narra o delegado.
O inquérito foi concluído dentro do prazo e agora está a cargo do Ministério Público do Piauí que deve realizar a denúncia. Mariana Monteiro Bevilaqua está em liberdade e aguarda o andar do caso.
“Essas questões que ocorreram posteriores elas podem ter influenciado na questão do flagrante ou não, mas não prejudicou o andamento do inquérito e a resolução das investigações aqui. O inquérito não foi concluído com pedido de prisão preventiva. A prisão preventiva ela é excepcional, tem que ter vários elementos, por exemplo, que ela esteja colocando em risco a sociedade, existem quesitos específicos. O caso foi encaminhado ao Ministério Público que pode solicitar as prisões. Então ele recebeu o inquérito com todas as provas cabe a eles fazer o entendimento. Da nossa parte o inquérito foi encerrado, ela está respondendo em liberdade porque desde o primeiro momento não foi autuado em flagrante”, encerra o delegado.
Fonte: CidadeVerde