A encefalite viral, uma complicação grave da dengue, tem chamado atenção de médicos e especialistas diante do aumento de casos mais severos em crianças. O neurologista Frederico Maia explicou, em entrevista, os riscos da condição e reforçou a importância da vacinação como forma de prevenção.
“A encefalite é uma inflamação do cérebro causada por infecção. No caso da dengue, é uma complicação rara, mas grave. Ela pode se manifestar com febre, dor de cabeça, confusão mental, sonolência excessiva, alucinações, crises convulsivas e até coma”, explicou o especialista.
Segundo ele, os extremos de idade — crianças e idosos — são os mais suscetíveis, já que o sistema imunológico tende a ser mais frágil. “A depender da área do cérebro afetada, a encefalite pode deixar sequelas motoras e cognitivas, como paralisias ou retardo mental”, afirmou.
O médico ressaltou que o diagnóstico nem sempre é fácil e pode depender da rapidez com que a família identifica que há algo errado. “O ponto crucial é o reconhecimento precoce de sintomas que fogem do padrão comum da dengue. Se houver sonolência excessiva ou comportamento alterado, é necessário buscar atendimento médico imediatamente.”
Ele também comentou sobre os desafios que médicos e hospitais enfrentam para diagnosticar a encefalite por dengue, especialmente porque a condição é rara.
“Às vezes, o diagnóstico pode demorar, pois os sintomas iniciais podem se assemelhar aos de outras complicações. No entanto, é fundamental que as famílias fiquem atentas a qualquer sinal neurológico, como uma mudança súbita no comportamento da criança. O ideal é procurar ajuda médica assim que qualquer sintoma diferente aparecer”, alertou o neurologista.
Ainda de acordo com o especialista, a vacinação é hoje a principal forma de prevenção. “A vacina da dengue, recém-incorporada no calendário do Ministério da Saúde para o grupo de 10 a 14 anos, pode evitar o desenvolvimento da doença e, consequentemente, prevenir casos graves como a encefalite.”
Apesar de rara, a condição tem ocorrido com mais frequência em alguns estados. Em março deste ano, uma criança de 6 anos morreu no Piauí após ter um quadro de encefalite confirmado post-mortem. O neurologista reforça que, mesmo com a queda geral de casos da dengue, a vigilância não pode ser relaxada.
“O cérebro comanda todas as funções do organismo. Quando ele é afetado por uma inflamação como essa, as consequências podem ser imprevisíveis e duradouras. Por isso, todo sintoma neurológico em pacientes com dengue deve ser levado a sério”, finalizou.
Fonte: CidadeVerde