O copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva, de 61 anos, uma das 62 vítimas do acidente aéreo em Vinhedo (SP), atuava na aviação há quatro décadas. Ele trabalhava para a Voepass Linhas Aéreas desde 2016 e já tinha sobrevoado todos os estados do Brasil, inclusive a região da Floresta Amazônica.
O pai do piloto, Bernardo Pereira da Silva, natural de Esperantina (PI), conta que o amor do filho pela aviação surgiu aos oito anos. Ele o levava para o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para ver os aviões decolando. Humberto tirou a licença para pilotar quando tinha 20 anos.
“Ele tinha amor pela aviação, voou toda a Floresta Amazônica e conheceu o Brasil todo. Trabalhou em várias empresas. Estava de férias até pouco antes do voo para Guarulhos. Assisti à queda do avião pela televisão e, para mim, foi uma tristeza profunda. Não sei até quando vou me conformar”, desabafa o pai de Humberto.
O pai do piloto, Bernardo Pereira da Silva, deixou Esperantina em 1958 e migrou para São Paulo (SP), onde teve e criou seus quatro filhos. Humberto morava em Jandira (SP), mas visitava Esperantina todos os anos e mantinha fortes laços com seus familiares.
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Co-piloto de avião que caiu em SP é filho de piauiense e trabalhava na aviação há 40 anos — Foto: Arquivo pessoal
Grande parte dos tios e primos de Humberto mora na comunidade Várzea, zona rural de Esperantina. Uma de suas cunhadas destaca que o piloto promovia reuniões com a família e nunca esquecia dos parentes distantes. Ele também era respeitado entre os colegas de aviação, a quem sempre dava conselhos profissionais.
Humberto deixa esposa e quatro filhos. Ele será sepultado em Iporanga (SP), a pedido do próprio piloto. Ainda não há data para a cerimônia, já que a família aguarda a liberação do corpo por parte do Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo.
“Quando ele era pequeno, comprei uma fazenda em Iporanga e íamos para lá todo fim de semana. Ele tinha um grande amor pela cidade, por isso pediu para ser sepultado lá. Ele vivia com dedicação e nos deixava muito orgulhosos”, completa Bernardo.
Em vídeo publicado no Instagram, o vice-governador do Piauí, Themístocles Filho (MDB), lamentou a morte do copiloto da Voepass e destacou suas raízes na cidade de Esperantina. O prefeito de Jandira, Henri Hajime Sato (PSD), decretou luto oficial de três dias.
Maior tragédia aérea desde 2007
Um avião com 58 passageiros e quatro tripulantes, totalizando 62 pessoas a bordo, caiu em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo (SP), no início da tarde desta sexta-feira (9). Não houve sobreviventes.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A companhia aérea divulgou no final da tarde a lista com os nomes das pessoas que estavam no avião. É o acidente aéreo com o maior número de vítimas desde a tragédia da TAM, em 2007 no Aeroporto de Congonhas, quando houve 199 mortos.
De acordo com a Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, companhia aérea dona da aeronave, as vítimas estavam em um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72, que saiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos (SP).
A companhia aérea afirmou em nota que o avião que caiu estava apto a voar e sem restrições. O Cenipa, órgão da aeronáutica responsável pela investigação do acidente, disse em coletiva que ainda é prematuro apontar as causas do acidente.
Fonte: G1-PI