Uma auditoria, realizada pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) ainda em 2023, revelou que o valor real da tarifa do transporte coletivo em Teresina seria de quase R$ 10. Em entrevista nesta quarta-feira (29), o auditor Bruno Cavalcante, responsável pelo estudo, explicou que a auditoria usou dados, na época, para “simular” o funcionamento do sistema a partir de um plano de ação, que previa a ampliação da frota em circulação, tempo das viagens e número de passageiros.
“Fizemos uma simulação de uma operação, tentando sinalizar para o usuário o melhor nível de serviço. Nessa simulação colocamos mais ônibus na rua, uma frota de cerca de 320 veículos, estabelecemos uma frequência de viagens com intervalo de tempo de espera do usuário no ponto de ônibus de 30 minutos. Tudo isso gera custo e queríamos ter uma visão desse custo. A forma que encontramos de comunicar esse custo foi mostrar o seguinte, que se rateado pelo número de usuários, o valor da tarifa poderia chegar a R$ 9,85″, esclareceu o auditor.
Conforme o técnico, parte desse valor atualmente seria subsidiado pela Prefeitura. “Teresina tem um sistema de transporte hoje que deveria faturar cerca de R$ 15 milhões, para que tivéssemos uma melhora na entrega desse serviço e ele não consegue chegar nesse valor. A simulação que fizemos foram com 320 ônibus. Pegamos dados de julho de 2023, que era a base que tínhamos na época do estudo, e chegamos em um custo operacional para o sistema de cerca de R$ 15 milhões”, completou.
Strans descarta reajuste em 2025
Apesar disso, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) descarta qualquer reajuste da tarifa em 2025. Segundo Adriano Barreto, diretor de transporte público do órgão, enfatizou que essa discussão só será iniciada após a recuperação da credibilidade do sistema. “Investir na infraestrutura, seja nos terminais e estações, seja no piso em que o ônibus anda. Há regiões onde passam ônibus que ainda não são asfaltados”, pontuou.
“Não haverá aumento esse ano, porque nossa intenção é justamente voltar a credibilidade do sistema. Darmos condições para o usuário, melhorar frota, melhorar as operações. Inclusive tem estudos sendo feitos para isso, para conseguirmos parametrizar o sistema e consiga dar esse conforto com relação às vias, principalmente nos bairros”, completou o diretor da Strans.
De acordo com o gestor, a precificação da tarifa precisa levar em conta não apenas os aspectos técnicos do sistema, mas também o viés social. “Essa tarifa técnica barra na tarifa social, porque nosso povo, que é um povo sofrido, não tem condição de pagar uma tarifa que vem calculada no frio número dos cálculos, então fazemos uma parametrização de acordo com o poder aquisitivo da população”, frisou.
Por fim, Barreto admitiu a possibilidade da Prefeitura reavaliar o valor do subsídio repassado às empresas que operam o serviço para evitar uma elevação abrupta no preço da tarifa.
“Estamos trabalhando no limite, então os investimentos que tiverem que ser feito vão passar com o aumento do subsídio. A Prefeitura está estudando o caixa para ver a condição de endividamento, fazer os estudos da necessidade do que vai ser preciso melhorar”, concluiu.
Fonte: CidadeVerde
