Com a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é comum ver escolas destacando suas posições em rankings de desempenho. No entanto, por trás dos números apresentados, há diferentes critérios e interpretações que nem sempre refletem a realidade das instituições. Entender como os dados são calculados e utilizados é essencial para interpretar corretamente o que realmente está por trás do chamado “ranking das melhores escolas”.
Esses rankings têm como base dados oficiais do Ministério da Educação (MEC), a partir dos microdados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A partir dessas informações, é possível identificar o desempenho médio dos estudantes concluintes do Ensino Médio nas provas do Enem, dados que, embora verdadeiros, podem ser usados de forma diferente dependendo dos critérios adotados por cada escola.
Mas por que há tantos rankings diferentes para destacar as melhores escolas?
Desde 2016, o MEC apresenta os resultados em lista única, sem considerar fatores que diferenciam de verdade o desempenho, como o número de alunos inscritos. Os dados refletem um recorte de alunos, muitas vezes selecionados e com quantidade irreal para turmas formadas em escolas de grande porte. Sem um ranking oficial e um filtro que nivele a disputa, colégios passaram a utilizar estratégias.
O especialista em dados e estatísticas educacionais, Teixeira Neto, explica que embora os dados sejam oficiais e verdadeiros, o uso como ranking absoluto de qualidade de escola é limitado e pode ser distorcido.
Segundo o especialista, um ranking justo considera escolas com mais de 30 alunos inscritos, o padrão de uma turma da 3ª série do Ensino Médio em escolas da capital. “No Piauí temos escolas com turmas de excelência, alunos com alto desempenho na mesma sala de aula. Boas notas em turmas com mais de 30 alunos refletem, de fato, a qualidade de ensino dessas instituições, utilizando o mesmo padrão de fatores em comparação”, completa Teixeira Neto.
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Especialista em análise de dados explica os múltiplos rankings
Diante de rankings cada vez mais utilizados como ferramenta de marketing escolar, é importante que os dados do Enem sejam analisados com senso crítico. A ausência de critérios padronizados pode criar distorções que favorecem escolas com estratégias específicas de divulgação, e não necessariamente com melhor desempenho coletivo. Entender o contexto por trás dos números é essencial para reconhecer quais instituições realmente se destacam pela qualidade do ensino e não apenas pelos resultados aparentes.
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